História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

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Stiglitz
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História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

Mensagem por Stiglitz »

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Nova parte!

17/04/2013 17:40 - Primeiro capítulo disponível. (Parte 1)
17/04/2013 21:30 - Segundo capítulo disponível. (Parte 1)
22/04/2013 18:50 - Terceiro capítulo disponível. (Parte 1)
25/04/2013 18:25 - Quarto capítulo disponível. (Parte 2)
29/04/2013 18:45 - Quinto capítulo disponível. (Parte 2)
02/05/2013 17:20 - Sexto capítulo disponível. (Parte 2)
06/05/2013 18:45 - Sétimo capítulo disponível (Parte 3)
09/05/2013 17:50 - Oitavo capítulo disponível (Parte 3)
13/05/2013 19:10 - Nono capítulo disponível (Parte 3)
16/05/2013 18:50 - Décimo capítulo disponível (Parte 4)
20/05/2013 19:10 - Décimo primeiro capítulo disponível (Parte 4)
23/05/2013 19:05 - Décimo segundo capítulo disponível (Parte 4)
27/05/2013 18:55 - Décimo terceiro capítulo disponível
30/05/1013 17:50 - Décimo quarto capítulo disponível
21/06/2013 16:30 - Décimo quinto capítulo disponível
24/06/2013 16:00 - Décimo sexto capítulo disponível (Parte 6)
27/06/2013 15:10 - Décimo sétimo capítulo disponível (Parte 6) (Férias de 1 mês)
01/08/2013 16:50 - Décimo oitavo capítulo disponível (Parte 6) (Retorno)

Parte 1: viewtopic.php?f=141&t=16573
Parte 2: viewtopic.php?f=141&t=16630
Parte 3: viewtopic.php?f=141&t=16699
Parte 4: viewtopic.php?f=141&t=16753
Parte 6: viewtopic.php?f=141&t=16967

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Capítulo 13 - Reencontro e o Anjo da Guerra

Os escombros do míssil atirado pelo piloto faziam uma elevação que era difícil de ser transpassada, mas com um pouco de esforço, passei-a. Vi outro complexo, como havia pensado. Os prédios estavam inutilizados, e as portas estavam soldadas. O que vi foi prédios montados na larga rua, feitos de uma parede que era facilmente desmontada, de uma madeira fina, compensada. As juntas eram feitas de um ferro moldado para não ser oxidado, e não havia qualquer prego ou cimento entre elas. O barulho atrairia os mordedores, então decidi investigar o lugar o mais rápido que pudesse.

Com o ar cheirando á Napalm e com um tom avermelhado, fui adentrando as vielas criadas por essas casas estranhas. Havia casas com uma cruz vermelha destacada em cima das portas. Outra, com um capacete também em cima das portas. Noutra, um pão na placa. Uma arma naquela, uma cama nessa. Era uma verdadeira cidade entre a cidade. O complexo se arrastava por até onde eu não poderia ver, pegando ruas de todos os lados e criando ângulos perpendiculares á toda hora.

Primeiro, eu corri entre os complexos para me despistar. Minha sorte é que não havia mordedores ali. Era com certeza a base dos mercenários, pois entre aquelas construções, haviam carros parados na rua, assim como caminhonetes e carros esportivos. Quando achei que estava em uma distância razoável e que não poderia ser achado, resolvi começar a vasculhar as casas. Estranhamente, os mercenários não estavam reunidos ali. Não havia ninguém dentro delas. Nem dormindo, nem espreitando. Ninguém. Provavelmente estariam em outra missão.

Cada rua me parecia enumerada por uma placa, que estava em cada esquina. Tudo parecia perfeito dali, na maior organização possível. Embora tenha adentrado bem o complexo, acho que seria fácil me acharem ali.

Entrei numa das casas, que tinha a placa do pão em cima. Para minha surpresa, não estava trancada. A casa não era grande; 1 dúzia de passos e eu encostaria na outra parede. A mesma coisa era para os lados. Mas a minha surpresa, é que ali, se estocavam alimentos. E não eram poucos alimentos. Haviam prateleiras enormes, separadas em seções, cheias de comida. E ainda havia geladeiras ligadas por um tonel de gás, daqueles usados em cozinha. Como isso era possível? Afinal o que liga as geladeiras é a eletricidade, não gás de cozinha. Provavelmente eles passariam por um transformador e aquela não era a principal fonte de energia. Quem sabe?
As seções eram de, respectivamente da esquerda para a direita: carnes bovinas; carnes suínas; carnes ovinas; frangos e peixes; ovos; leguminosas; grãos; legumes e verduras; frutas; enlatados em geral; água; sucos; refrigerantes e outras bebidas em geral; vitaminas.

As prateleiras quase consumiam todo o espaço vertical que a pequena casa dispunha, e trazia alimentos para alimentar quase um grupo de 50 pessoas por no mínimo 1 semana. Se todas as casas fossem assim...

Sai daquela e entrei noutra. As mesmas prateleiras e a mesma quantidade de alimentos. Entrei em mais uma e o resultado não foi diferente. Sai dessa e olhei em frente, em direção á rua. Não conseguia ver seu fim, e ela se estenderia por quilômetros, á meu ver. E no meu campo de visão, já pude contar mais de 20 das casas de comida. O que totalizando, alimentaria um batalhão todo. Então seria mesmo o quartel dos mercenários? Aquilo me parecia com o real centro de refugiados. Mas inabitado.

Numa rua ao lado da minha, comecei a ouvir um grunhido. O que eu pensava que era inabitado, agora se transformava num covil. Felizmente só havia um deles. Pensando que ele não me vira, fui para dentro de uma dessas casas de alimentos. O grunhido ficava mais e mais perto. Muni-me de uma garrafa de vinho que encontrei numa das prateleiras e esperei. Quando o vi entrando pela porta, meti a garrafa em sua cabeça, quebrando-a em pedacinhos. Mas o bicho também tinha reflexos e me empurrou enquanto a garrafa se despedaçava nele. Ele caiu; eu também. Mas os cacos de vidro eram pontudos, e o descerebrado lento. Peguei um dos cacos e cravei em seu olho. O bicho “morreu” com as mãos erguidas e os músculos rijos. Foi então que percebi uma característica incomum neles. Provavelmente em já havia percebido antes, mas só me dera conta agora. Quando uma pessoa morre, seus músculos endurecem, pois o sangue não mais corre, nem ela se movimenta. Se os músculos ficam rijos, como elas podem se movimentar? Questão aparentemente inexplicável.

Sai da casa e vi que agora a rua começava a ter alguns deles. O barulho da aeronave e dos mísseis Napalm provavelmente atraiu-os. Esconder-me-ia ou ficaria no meio daquele inferno como um tolo? Enquanto me escondia, eu estudaria mais aquele lugar.

Esgueirando pelas ruas para não atrair atenção, entrei numa das casas com a placa da cruz vermelha brilhante. Ali vi vários leitos de hospitais, com suporte para soros e vários remédios espalhados pelas camas, assim com um grande armário cheio de seringas e líquidos estranhos. Mas o nome não me falhava; eram remédios sim. Então, ali havia mini hospitais, pois cada casa cabia no mínimo 8 leitos. Havia ainda uma grande mesa com uma cadeira rolante, e uma gaveta. Abri a gaveta e achei uma única prancheta com uma folha em seu pregador. Era o diagrama dos hospitais e o nome dos pacientes. Nada de relevante até então, mas Alice poderia estar ferida. E também era um bebê, provavelmente estaria sob cuidados médicos.

Sai dessa casa e entrei em outra, á poucos metros de distância. Para minha surpresa, haviam pessoas nesses leitos. Mas todas eram alimentadas na veia por um liquido arroxeado. Aproximei-me do plástico do soro e li um nome, em letras meio apagadas:

“Hypnotic General Anesthetic”

Era uma anestesia geral, visando amnésia. Não sabia se aqueles eram cobaias usadas em experimentos ou soldados, mas uma coisa era certa: eles não tinham qualquer tipo de ferimento. O líquido gotejava de pouco em pouco, menos de 5 gotas por segundo, caracterizando horas de inconsciência.

Fui direto à mesa e abri a prancheta. Dessa vez encontrei um mapa mais organizado, sinalizando os hospitais. Procurei, procurei, procurei, até que encontrei um deles com uma anotação “bebês”. Meu coração fisgou e minha visão dilatou. Minha procura havia terminado.

Essa seção que minha irmã supostamente se encontrava, estava á alguns quilômetros dali. Porém qualquer distância que ela estivesse, eu percorreria sem me cansar. Quanto mais longe, obviamente, eu ficava mais aflito. Procurei ali algo que me servisse como uma arma branca temporária e o que achei foi uma tesoura de enfermeiro bem longa e com a ponta curva. Com a lâmina aberta, qualquer cravada na cabeça de um zumbi e ele viria abaixo. A morte era certa com aquela ferramenta. Voltei á mesa da “recepção” e peguei a folha junto da prancheta, mantendo-a nela. Com a tesoura numa das mãos e a prancheta noutra, sai pelas ruas.

O cheio do Napalm não era muito evidente ali no meio daquela mini cidade dentro de uma cidade maior ainda. O frescor do ar era ligeiramente doce, vindo das plantas que enfeitavam as ruas. Parecia-me mais como uma cidade bem civilizada, do que um quartel general de um grupo de assassinos que matavam inocentes e só buscavam o extermínio. Olhei para o céu: não passava de 9 horas da manhã. Meu caminho ainda seria longo até o hospital onde minha irmã estava.

Andando pelo caminho, não encontrei vivalma, até que virei uma esquina e vi um daqueles cães. Não os cães vivos, os mortos mesmo. Pensei que seria mais fácil que antes, agora que estava confiante e feliz. Mas não; ele me empurrara assim como o outro que matei com a garrafa fez, em vez de me atacar primeiro. Provavelmente seu instinto era de ver a presa sofrer antes de aniquilá-la. E a tesoura caiu longe. O bicho já ia pular em cima de mim e me estraçalhar, quando dei um impulso pelos pés e comecei a me arrastar com os braços, quando o bicho caiu e ficou se debatendo, tive uma chance. Levantei-me rapidamente e peguei a tesoura. Porém, quando virei-me, deparei com outro deles. O som que o bicho caído exercia, encobriu o outro que se aproximava de mim. Ele agarrou meu braço, e quando pensei que era meu fim, um ato do meu subconsciente aconteceu. O bicho acabou travado no ar, com a boca em minha jaqueta. Arrepiei-me quando vi tal cena, para depois perceber que a curva da tesoura estava presa em baixo de seu queixo, no papado. O bicho não teve tempo de me morder. Ou teve? Tirei-o de minha blusa, mas o outro ainda se levantava. Outro ato que não pensei; quase instantaneamente arremessei a tesoura na cabeça dele, e a curvatura da faca ficou fincada na testa, mais á direita. Caiu morto.

Antes de qualquer coisa, porém, Levantei a manga de minha blusa. O bicho não tinha feito um estrago considerável, mas o vermelhidão no local da mordida era claramente visto. Por sorte, seus dentes apenas tiveram tempo de serem pressionados contra minha carne, e não a perfurou. Se perfurassem, muito que provavelmente neste momento ou eu estaria sendo comido vivo, ou estaria pensando na minha vida toda e chorando de algumas coisas, esperando minha inevitável morte. Isso que eu chamo de tirar a sorte grande, nesse mundo novo. Antes de qualquer coisa, agradeci á Deus por ter cuidado de mim novamente.

Voltei e apanhei minha prancheta, depois fui ao corpo do zumbi e peguei minha milagrosa cortadora. Havia ainda muito caminho á ser feito.

Pelos meus cálculos, mais 30 minutos de caminhada e eu estaria á companhia de minha irmã novamente. A rua em que ela estava não era na rua em que eu estava, então teria de me localizar e entra na rua certa. Enquanto olhava a folha da prancheta distraidamente, outro zumbi apareceu. Corri e pulei em cima dele, colocando vigorosamente a tesoura em seu olho direito. Caiu. Mas quando vi a expressão daquela criatura que um dia já foi alguém, e o que eu fiz por ela... Não, aquele não era eu. Eu já havia matado alguns deles desde que tudo começou. Mas não porque queria, e sim porque eles eram meu empecilho. Que Deus me perdoe se fiz algo de errado.

30 minutos depois...

Muito que provavelmente é essa rua; a placa e o nome delas conferem. Diz aqui que é o 3º hospital á direita. E realmente, a rua era grande. Seria o 3º hospital no sentido que eu estava? Como eu não fazia a mínima ideia, comecei a procurar em todos os que haviam ali. Quando procurava no segundo hospital á esquerda, ouvi um ruído de motor. Alguém se aproximava, mas estava longe. Sai daquele e correndo agachado, rapidamente abri a porta do 4º hospital á direita. Além dele, naquela direção só haviam mais 2, então ou era aquele, ou era o da esquerda.

Quando abri, senti minha mente dizer “não entre!”, mas meu coração dizia “sua irmã pode estar ai!”. Segui meu instinto protetor e entrei. Abrindo a porta, olhei para trás. Quando olhei de novo para frente, tive a mesma visão que tivera no dia do outro complexo, perto do parque. Uma pessoa que, com seu punho, batia em mim. Mas dessa vez o soco foi certeiro em minha têmpora, desmaiando-me na hora.

10 minutos depois...

- Ei garoto, acorda garoto, acorda! A gente precisa sair daqui logo cara!

- O que? Hã? Ahhhh.... Ugh! – Acordei desnorteado sem entender o que se passava, e quando fui gritar, o homem abafou meu grito com uma mão. Era um homem com uma roupa de camuflagem de floresta, com uma máscara que cobria todo o rosto. Não sabia quem era.

- Cala a boca, não grita! – Disse ele, retirando minha mão – Desculpa se te machuquei, mas pensei que você era um deles.

- Quem é você afinal? – Indaguei.

- Eu costumava ser um deles, até que vi uma coisa que não podia ter visto e eles me aprisionaram. Mas eu fugi para esse complexo tentando escapar. Até que me meti numa enrascada maior ainda. E eu não tenho armas. Você tem?

- Não, só aquela tesoura.

- Bom, bom. A gente pode usá-la. Mas me diz garoto, o que você faz aqui no meio dessa loucura.

- Estou procurando minha irmã, acho que faz 1 ou 2 dias que roubaram ela, não me lembro. E vi o diagrama de bebês naquela prancheta, e dizia que era esse hospital. Ela se chama Alice.

- Essa aqui? – Ajudando-me a levantar com a mão, me mostrou uma incubadora. Pude ver o nome dela impresso em uma fita, escrita á caneta esferográfica. Eu não podia gritar, nem fazer ruído, mas uma lágrima de felicidade e um sorriso surgiu em mim. Correndo para a máquina, abri a tampa e dali retirei minha irmã. Acho que não tinham tempo para cuidar dela, então deixaram-na ali.

- Eles alimentam bem os bebês, fique despreocupado. Fico feliz que você tenha encontrado ela. Agora, você precisa sair daqui, mas antes precisa de alguma comida. Para você e ela. Me de sua mochila, que eu volto logo.

- Mas eu já tenho comida cara, a bolsa está cheia de comida de uma lanchonete que eu arrombei.

- E isso é comida de gente? Vou te arrumar coisa melhor. Vê? Os ruídos já passaram, então provavelmente eles também já se foram. Ou não. Mas já volto, fique ai cuidando de sua irmã.

Obedeci a ordem do homem que parecia não brincar em serviço. 15 minutos depois e ele voltou com a mochila e um outro papel em mãos.

- Bom, vamos lá. Para você eu peguei coisas como enlatados, queijos, carnes, pães... Essas coisas que na “nossa” idade, ou nós comemos ou morremos. Em grande quantidade. Mas reservei uma parte maior para sua irmã. Peguei tudo que pode ser útil para ela, embora o melhor que poderia ser feito ela leite materno. Algumas vitaminas em cápsula que você pode esmagar para virar um farelo e dissolver em água, para dá-la de pouco em pouco. Alguns iogurtes naturais sem açúcar, leite em pó especial para crianças e muita água mineral. O seu é a parte de baixo, e o dela é a parte de cima.

- Cara, eu não sei como agradecer!

- Está tudo bem, era meu trabalho mesmo. Eu fui do exército. Aliás garoto, você sabe dirigir?

- Sim, meu pai me ensinou e eu já tenho habilitação, mas está em casa.

- Perfeito. Olhe outra coisa que eu achei. Na verdade, duas: Os filhos da mãe ainda estão soltos por ai a fora, provavelmente em uma dessas casas. Mas eles deixaram um carro, meio veloz, vamos assim dizer, parado com a chave no contato e ligado.

Então achei um mapa numa daquelas casas que eles guardam armas e com uma caneta que achei naquela mesa ali da recepção, marquei o lugar onde eu quero que você vá. Olhe aqui: primeiro pega essa rua, depois vira para cá, ai segue reto e na rua Dwight você vira á esquerda, depois... – E continuou a me explicar – Então, você estará na última rua. Essa é a entrada que não foi destruída pelo caça. As paredes são fracas, então só acelere. Essa rua dá de frente para a entrada da cidade. Tem uma guarita ali, com uma cancela, mas o carro é rápido, você arranca fácil. Entendeu bem? O mapa está aqui para te guiar melhor.

Preparava-me para ir embora quando fui impedido pela sua mão, que agarrou meu braço:

- Uma coisa antes de ir, Nikolai. Tudo depende de seu ponto de vista. Tente entender melhor as coisas antes de fazer seu julgamento. Agora vá, não é seguro aqui.

- Como sabe meu nome?

- Há mais coisas no céu e na terra do que a nossa filosofia poderia interpretar. Um dia você entenderá.

- Não vem comigo?

- Não, tenho umas coisas para fazer ainda.

Sai pela porta da frente cautelosamente e avistei o carro que disse. Era o Lamborghini Aventador do líder. Era sim, um veloz.

- Obrigado – Disse mais uma vez antes de ir – Pode ao menos me dizer seu nome?
Com um sorriso no canto da boca, o estranho respondeu:

- Cole. Allen Cole.

A princípio não percebi o nome, mas quando me dei conta, fiz um olhar de quem estava surpreso. Quando me virei novamente, não havia ninguém ali. Sorri de volta para o nada e com Alice nos braços, corri para o carro. Abri a porta rapidamente e quando menos pude perceber, estava rodando com aquela máquina poderosa, com Alice no carona. Já estava á uns bons metros de distância quando pude ver a gangue sair de uma das casa e olhar com um ar de espantados. Olhei pelo retrovisor e ainda tentaram atirar em mim, mas o líder deles abaixou a arma do capanga.

Segui as ordens que haviam sido ordenadas no mapa, e dentro de alguns minutos, me vi fora do complexo. A rua era grande, então acelerei o máximo que pude. Segundos depois, a cancela estava quebrada, e eu fora daquele inferno. Eu não estava na interestadual, e sim em uma rodovia secundária. Seria até melhor não se encontrar com uma horda. Segui meu caminho aproveitando o carro por alguns minutos, deixando toda a mágoa sair de dentro de mim, e olhando para os olhos de minha irmã, estava certo de que não falharia mais.

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Capítulo 14 - Cidade Morta

Enquanto ia passando pela rodovia secundará, sentia o carro por completo pela primeira vez. A rodovia era reta, parecendo a Autobahn. Consegui colocar até 150 km/h naquela supermáquina, até que lembrei que eu tinha de ser responsável e cuidar de minha irmã. Parei o carro no acostamento para ver o mapa. Minha sorte é que aquela rodovia não era frequentada drasticamente, logo haviam poucos carros capotados ou parados. Qual seria meu plano agora, e para onde iria? Tentar outro centro de refugiados... Não, poderia ficar encurralado como em Seattle. Voltaria para casa? Era a melhor opção. Localizei Tacoma no mapa. Estava á 40 quilômetros do começo da cidade, e alguns outros para minha casa. A rodovia que eu estava não dava acesso direto para lá, mas havia uma entrada para a interestadual que fazia entrada com outra rodovia secundária que daria de cara com a rua da minha casa. Essa rodovia era aquela que peguei no dia em que tudo começou. Esse era meu plano. Dizem sempre que “o bom filho, a casa torna”.

Parei por um instante para fazer um lanchinho antes de ir. Abri a mochila e peguei um pedaço de um vigoroso presunto. Surpreendentemente achei também em minha mochila, numa pequena caixa de plástico, talheres. Abri a caixa e ali peguei um garfo e uma faca. Cortei um belo pedaço dele e comi rapidamente, pois não queria sair dali de noite, embora fosse não mais que 2 horas da tarde. O dia estava nublado e escureceria mais rapidamente.

Depois que acabei minha refeição, tomei um pouco de um suco de maracujá e lembrei de Alice. Peguei um pouco daquele iogurte e com outra colherinha pequena que encontrei na caixa, fui despejando de pouco em pouco em sua boca. Estava com fome, e muita! Depois dei-lhe um pouco de leite mas sem o pó, pois não daria para dissolvê-lo, e com uma colher esfarelei uma das pílulas vitamínicas e coloquei na água. De novo, de pouco em pouco, despejei. Quando a refeição acabou, guardei tudo na mochila e entrei no carro. Sai dali o mais rápido possível.

Estava eu andando pela estrada, quando me deu uma baita vontade de urinar. E era aquela incondicional, que ou você obedece ou acaba se molhando inteiro. Parei no acostamento mais uma vez e fui para detrás do carro. A rodovia, como todas ali naquela região, era coberta de vegetação dos 2 lados. Fui um pouco para dentro dele e comecei a fazer minhas necessidades. Quando estava terminando, ouvi um galho se quebrando em minha frente, não muito longe. Detrás de uma árvore, um daqueles mordedores infernais saia para me atacar. Rapidamente fechei o zíper da calça e corri de volta para o carro. Com os vidros fechados, era impossível o mesmo me pegar ali. Para falar a verdade, tive até um pouco de prazer em vê-lo tentando entrar lá e não conseguindo. Por fim, dei partida no carro e acelerei. Olhei pelo retrovisor e vi o descerebrado cambaleando, e após isso, caindo. Não contive uma risada naquela cena. Pelo menos eu estava bem humorado naquele inferno.

O Aventador era um carro realmente rápido. Em menos de 15 minutos eu já estava a porta da rodovia interestadual. Logo na entrada, haviam carros e mais carros entulhados e capotados. Fazendo algumas manobras evasivas, sai dali o mais rápido possível. Quanto mais tempo naquela autoestrada, mais risco eu correria.

Logo de inicio, eu já estava muito confuso. Era aquele o caminho certo? Ou estava no sentido errado? Orientei-me pelo mapa e vi que quase peguei a direção errada e logo voltaria para Seattle em vão. Dei meia volta e comecei a andar lentamente dentre os carros destroçados. Na pista, mais e mais sangue, e algumas pessoas mortas. Então, foi quando vi que fiquei encurralado. Haviam carros capotados por toda a pista, e especialmente onde seria a minha única passagem, havia um carro transpassado ali. Parei a Aventador e me concentrei por alguns segundos. Qualquer barulho era ausente naquele ambiente. Mordedores, então, adeus.

Comecei a empurrar a lataria do carro pelo capô. Admito que foi meio difícil de tirar o mesmo dali, porque dentro havia ocupantes; mortos, claro. E ele era gordo, então meu trabalho era seriamente dificultado. Depois de algum tempo, tirei o carro da posição para que a Aventador passasse. Quando entrei no carro e passei por ali, ainda ouvi o barulho de lataria sendo riscada. Uma pena, pois um carro como aqueles era caro e não deveria ser desperdiçado.

A viagem continuou longa, porém confortável no banco de couro daquela máquina. Ora ou outra eu tinha de parar para remover algum obstáculo, ou carro. Mas para minha sorte, hordas de zumbis não estavam presentes. Estava no final da rodovia, quando avistei aquela casa que muito anteriormente, eu estava hospedado e que fora atingida por um granada. Não passou nada na minha cabeça, mas quando cheguei mais perto dela e passei, lembrei-me de minha bíblia e da imagem de cristo crucificado. Parei a Aventador e desci, correndo desesperadamente. Subi as escadas que continuavam do mesmo jeito de sempre e voltei ao quarto. Para minha surpresa, os objetos ainda estavam ali. Peguei a bíblia e tasquei um beijo em sua capa, assim como na imagem de cristo. Agradeci por Deus cuidar de mim e também correndo com eles nas mãos, voltei ao carro.

Estava mais perto da rodovia que daria acesso para minha casa, e para falar a verdade, eu pensei que duraria mais. Então, numa curva fechada, olhei para frente e subitamente vi uma horda. Não havia tempo de parar e dar meia volta para esperar ela passar. A Aventador era potente, e a horda era longa e estava ainda longe; engatei a 1ª, a 2ª, a 3ª... quando vi, estava na 5ª marcha á 120 km/h e a horda bem em minha frente! Agora era vida ou morte; ou atropelaria aquelas milhares de coisas, ou capotaria, ou ficaria preso. Mas dei sorte e continuei no mundo; a Aventador enquanto passava por cima de uns, jogava os outros para o alto. Acabou que ela ficou toda suja de sangue no vidro e nas portas, e amassada no capô, mas eu estava vivo.
Era tudo que importava. 12 minutos depois e eu estava á porta da rodovia secundária.

Quando atravessei a mesma, tive uma surpresa. Ou o mapa estava errado, ou eu entrei no lugar errado. Aquela não era a rodovia que daria acesso direto para minha casa. Parei outra vez no acostamento e chequei o mapa. Sim, eu errara. Mas ainda me localizei melhor e vi que essa rodovia ainda daria acesso á Tacoma, porém na outra ponta da cidade, á 7 quilômetros de minha casa.

Não havia tempo para dar meia volta e pegar de novo a interestadual e assim entrar na rodovia certa. E meu carro era rápido, então acho que me sairia bem. Continuei pela rodovia por no máximo 2 minutos até que vi uma placa, com uma seta para a diagonal esquerda, escrito “Tacoma”. Entrei pela saída para minha cidade e mais alguns minutos, vi que realmente estava longe de minha casa. Passando pelas ruas, vi vários errantes como todos os outros, lojas com portas abertas, vidros quebrados, com sangue no asfalto. Sussurrei para mim mesmo:

- Então esta é a cidade morta. Bem vindo ao lar, Nikolai.

E realmente, Tacoma estava morta. O centro estava infestado e a medida que passava, tinha de desviar de alguns mordedores ou entrar noutra rua, pois alguma estava bloqueada por carros ou por monstros mesmo. Enquanto passeava pelas ruas, lembrar-me-ia de tudo que havia passado naqueles lugares. Parques de diversão, shoppings, cinemas... Memórias boas, como os primeiros dias de namoro com Natalie, em que fomos ao cinema, só nós 2, na última fileira, no escuro do cinema, na calada da noite. Fazendo todas as confissões amorosas enquanto víamos uma reprise do clássico Casablanca. Outra, como quando eu, John e o resto do time fomos jogar um amistoso no campo de futebol “society” contra o time daqueles bastardos que estudavam perto de nossa escola. Mostramos o que eles mereciam e fizemos 9 á 2 neles, com 3 gols meus, 4 de John, 1 de Lewis e 1 de Frank. Ainda ruins, como o dia em que saindo de um museu, presenciei um acidente horripilante.

Podem ser memórias boas ou ruins, mas são memórias. E o que são memórias? Memórias são um poço escuro, um poço sem fundo. Onde todos se lembram de coisas que nunca mais acontecerão e que de alguma forma, lhes foi passado uma mensagem boa. Memórias, agora, eram o meu refúgio para não enlouquecer.
Acabei que tive a ideia de ficar passeando pela cidade. Mas passeando por uma cidade infestada daquelas coisas horrendas? Tinha de verificar como estavam as coisas ou até mesmo encontrar sobreviventes. Fui indo em direção á minha escola.

Quando cheguei, ela estava na mesma cena de todas as outras construções dali. Portas estouradas, com o lixo tomando conta de tudo. A escola era mais afastada da cidade e não haviam muitos zumbis ali. Parei a Aventador no estacionamento da escola que era protegido por uma grade e tranquei o carro. Corri para dentro da escola e bem no corredor principal tentei perceber qualquer grunhido de zumbis, ou vozes de sobreviventes. Não havia sequer um sibilo do vento forte que soprava fora do prédio. Comecei a entrar nas salas. Muitas estavam vazias, com as carteiras no lugar e como se estivessem preparadas para outro dia normal. Foi na sala da diretoria que encontrei uma surpresa. A diretora da escola, a senhora Lucy Winters, estava estirada sobre a cadeira com um buraco na cabeça. Tive uma surpresa, logo minha visão dilatou e meu coração bateu mais forte. Cheguei perto dela e tentei acordá-la de qualquer sono pesado que estava tendo. Mas não, ela estava morta. Havia ainda um bilhete sobre a mesa, que falava:

“Não tenho filhos, não tenho pais, não tenho casa, não tenho vida. Meus amigos são meus queridos alunos. Se aqui que morro, aqui devo permanecer, para sempre. Que eles tenham uma vida melhor que a minha.”

Amorosa como sempre, a diretora de minha escola se suicidara, mas sempre com pensamentos amistosos e otimistas. Eu, porém, nunca percebi que era tão sozinha. Sai da sala da diretoria e voltei ao corredor.

As demais salas não continham surpresas, exceto a 3ª sala á direita que continha dois mordedores caídos, mortos. Até que entrei na 5ª sala á esquerda e ali sim, quase deixei este mundo para um pior. E para falar a verdade, senti pena de tudo que vi. Crianças sentadas nas cadeiras como se fosse outro dia de aula, assim como um professor em sua mesa com um caderno em mãos. Na lousa, estava algumas palavras incompletas para as pobrezinhas completarem e um desenho mal feito em cima, para se orientarem. As palavras eram de fácil arbítrio, como: _vião; _belha; _arro;_omem, etc.

Mas o que me doeu mais, é que o ruído da porta se abrindo fez com que elas, com as cabecinhas abaixadas, levantassem as mesmas e me olhassem com um olhar de terrorista. O professor fez o mesmo gesto. Não, não estavam vivas e desnutridas. Estavam todas zumbificadas. E quando digo todas, era mesmo a classe inteira. Fechei a porta rapidamente, a tempo de nem o ocupante da primeira carteira me alcançar. Mas não a tempo de não ouvir baques e mais baques na porta. E assim, outras portas trancadas tiveram o mesmo efeito. A escola estava infestada de zumbis-crianças.
Sai dali e corri para a Aventador. Tranquei o carro e liguei-o, dei a partida e sai dali.

Enquanto dirigia, chorei baixinho para não despertar Alice que estava em um profundo sono. Se os homens mereciam aquilo, eles mereciam. Nunca se renderiam naquela guerra que parecia sem fim. Mas se eles se renderiam ou não, era problema deles; suas crianças não tinham nada a ver com isso, logo deveriam ser poupadas. Mas não era o que estava acontecendo.

Depois de alguns minutos a mais rodando com o carro, me orientei pelas casas e vi que estava á 2 ruas de minha casa. Até que me lembrei vagamente daquele grupo de mercenários que matavam inocentes por nada ou mantinham em cárcere. A Aventador era de um dos líderes daquele grupo, então se eles avistassem o carro seria inevitável que me achassem. Assim, achei uma garagem aberta de uma casa e coloquei o carro ali dentro, com a porta aberta e a chave no porta-luvas do carro. Peguei Alice no colo e com a mochila, sai correndo pelas ruas.

Havia zumbis nas ruas, mas os mesmos não tinham a velocidade necessária para me alcançarem. Poucos minutos depois, já estava a porta de minha casa, que estava do mesmo jeito que antes. Entrei e para minha sorte, a chave do mesmo jeito na tranca. Tranquei a casa e internamente, estava intacta do mesmo jeito. Era uma baita sorte ela não ter sido saqueada. Eu, porém, exausto. Não faria mais nada naquele dia. Coloquei a bolsa sobre a mesa de centro da sala e subi para os quartos. Fui com Alice para o banheiro e com a água corrente da pia que estava fraquíssima, tratei de limpá-la e colocar nova fralda e roupa, assim como talco. Coloquei-a no berço e voltei ao banheiro. Despi-me e abri o chuveiro. A água, assim como da torneira, era fraca. Mas tomei um bom e longo banho, depois me troquei e joguei-me na cama, de onde só despertaria no outro dia. Nela, tive os melhores sonhos, onde tudo daria certo e eu reencontraria Natalie.

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Capítulo 15 - Recomeço

Acordei realmente “quebrado”. Depois de alguns dias de viagem incansável, as fugas contra aquele grupo de loucos, o cárcere no metro, a perda de minha irmã... Só queria descansar um pouco. Meus ossos doíam, meus músculos se retorciam a medida que eu me enrolava mais no cobertor. Abrindo a cortina para espiar um pouco na rua com cuidado, pude ver a cidade morta. Não havia mais pessoas naquele ambiente. Apenas monstros horríveis sem rumo. Aqueles que devoravam incansavelmente e que sua fome não saciava. Afinal, de quantos humanos inteiros se precisava para um deles parar de atacá-los por um bom tempo?

Os cobertores me deram uma espécie de proteção, embora a casa tivesse apenas uma tranca. Na verdade, pensei que ali dentro nada poderia me atingir. Um raio de sol saindo da janela e refletindo no espelho deixava o ambiente ainda mais quente e aconchegante. Dali não queria sair, nunca mais...

Até que minha irmã começa a chorar. Droga. Provavelmente estava com fome. Sai dos cobertores e rapidamente fechei a cortina. Não queria ser visto do lado de fora. Dirigi-me ao banheiro e ao abrir a torneira, uma surpresa. Não mais corria água. Então, há alguns dias sem energia e agora sem água? Bom, aquele então seria o fim dos recursos fáceis. A partir de agora, era ferver e filtrar a água a todo instante. Banho, só em casos extremos.

Agora que eu fui reparar melhor no quarto, quando já estava acordado. O meu telescópio ainda estava apontado para fora da janela. A mala que minha mãe preparou ainda estava dentro do armário, assim como a comida que ela deixou guardada. Então, acho que nesse meio tempo que me ausentei da casa, ninguém a invadiu.

Aquela situação me deixou enervado, embora previsível. Sai de meu quarto e fui em direção ao dela. Peguei-a pelo colo e cantei uma canção. Logo, se acalmou, mas não por muito instante. Outra coisa que eu deveria planejar: Algum modo de silenciá-la, mas que eu pudesse ouvir quando chorasse. O choro atrapalharia minha vida; na verdade eram os mordedores, mas o barulho emitido era bem pior. Pensaria mais tarde.

Coloquei-a de volta no berço e fui preparar tal “café da manhã” para ela. Allen tinha me ajudado e pegou uma bolsa cheia de comida. Allen mesmo? Será que ele não havia morrido? Não, era improvável. Para falar a verdade, agora sentia aquela alma como um protetor e um conselheiro. Eu, que antes não gostava de igreja, vejo que agora existe sim, muito mais coisa no céu e na terra do que a nossa filosofia pensa; a bolsa não havia sumido.

Com um pouco do leite, esquentei no mesmo processo usando o sol. Depois de morno, coloquei na mamadeira e trouxe-a para baixo. Comecei a dar tal mistura de gordura líquida devagar, pois não queria provocar um engasgue. Depois que ela tomou metade do líquido, vi que não queria mais e tirei sua boca do bico da mamadeira. Havia 9 caixas da vitamina, com 10 cápsulas cada uma. Daria para 80 dias, então. 3 meses. Até lá, ela conseguiria se alimentar de qualquer outra coisa?
Peguei uma delas e abri com as mãos. Nessa parte eu tinha de tomar muito cuidado.

Com água que encontrei na geladeira desativada de minha casa, lavei bem as mãos com sabão. Peguei uma colher de madeira que minha mãe usava para fazer ovos mexidos e com isso, esmaguei a cápsula, reduzindo-a á praticamente nada. Joguei o pó dentro do copo com água e deixei efervescer. Quando a reação química parou, despejei o pó na água formando tal mistura homogênea que eu desejava. Com um conta-gotas que achei na gaveta de remédios de meu falecido pai, fui despejando pouco a pouco. Depois de alguns minutos, ela tinha tomado tudo. O iogurte, deixei guardado para outros casos. Agora cuidaria de mim.

Para o meu café, comi um enlatado de sardinha que venceria daqui á 2 semanas e algumas fatias de uma bandeja de frios. Os perecíveis eu consumiria logo, pois estragariam rápido. A geladeira estava sem energia, porém o freezer ainda continuava em “funcionamento natural” devido á sua isolação térmica. Coloquei os alimentos que estragariam ali. Depois, fui cuidar da minha vida. Mas antes, a primeira coisa que tratei de fazer foi colocar a bíblia e a imagem de Jesus Cristo de volta em seu devido lugar. Ali, oraria todas as noites.

Se pensarem que naturalmente eu abriria janelas e portas, se enganaram. Na verdade, o que eu queria era selá-las. Por quê? Quanto menos visão de fora, mais protegido eu estava. Desci ao porão e tentei encontrar qualquer coisa que me servisse. Acabei encontrando algumas ferramentas de meu pai. Um serrote, martelos, porcas, pregos, pinos, etc. Algumas estantes grossas completavam o inventário. Haviam 4 estantes na sala. Decidi quebrar uma com o martelo para fazer barricadas. A estante era de uma madeira grossa. Nem sequer chutes e pontapés de pessoas lucidas poderiam derrubar tais madeiras.

Comecei a fazer tal processo. Peguei o serrote e comecei a cortar as madeiras da já quebrada estante. Medi as principais portas e janelas, primeiro, e então as separei em vários pedaços. As prateleiras ficariam para as portas; os suportes laterais seriam para as janelas, que eram mais finos. Meu plano era também de cobrir tais janelas para nenhuma luz interior escapar do meu refúgio.

Acabei com um total de 16 madeiras para portas e 8 para janelas. Havia uma porta principal, a da entrada, a porta da garagem, a porta dos fundos e a porta da cozinha que dava acesso ao quintal traseiro... Tudo bem, 4 madeiras grossas daquela serviriam para segurar qualquer ato contra mim. Mas por onde sairia? Pensei melhor e em vez de colocar tais madeiras na porta frontal, faria um sistema de tranca rápida com uma barricada de espinhos de madeira na porta, além de, claro, arames e cordas para qualquer intruso cair.

Comecei o meu serviço pela porta dos fundos. Peguei uma das madeiras e com 2 pregos e o precioso martelo, preguei uma extremidade entre as duas paredes. Fiz a mesma coisa com a outra extremidade. Fui fazendo a mesma coisa, e para falar verdade, não me cansei. Até me alegrava, ocupando-me com qualquer coisa, que não verdade não era qualquer coisa. Aquilo zelava minha segurança. Com a outra madeira, preguei-a do mesmo jeito, e assim fui... Quando o resultado estava pronto, sai calmamente pela porta da cozinha. Felizmente não havia mordedores no meu quintal. Fui andando devagar, com muito cautela, em direção á tal porta. Quando cheguei na frente da mesma, dei três pontapés e alguns socos contra a porta, que era totalmente de madeira, sem nenhum pequena janela. A porta nem sequer se deformou para dentro. Ela vibrou, vibrou e vibrou. Mas nada de quebrar. Fiquei orgulhoso de meu trabalho. Agora partiria para as outras.

Com o mesmo ato, fiz o mesmo processo várias vezes e no final obtive um resultado satisfatório. Satisfatório não, mais que isso. Estava orgulhoso. Nenhum zumbi entraria em minha casa, com certeza.

Trataria agora de ajeitar a luminosidade da casa. A casa já estava escura, a essas alturas sem uma alimentação á eletricidade para abastecer as lâmpadas. Agora, então, a escuridão tomaria conta de tudo. Tinha de vedar a casa contra a luminosidade inteira, e para tanto decidi usar alguns lençóis e cobertores grossos.

Separei os melhores cobertores para uso pessoal e para uso de minha irmã. Eu era um cara esperançoso, então separei mais uns 3 lençóis e 2 cobertores de casal para alguém que eu encontrasse vivo, se é que encontraria. Dizem que a esperança é a última que morre. Para mim, acho que ela nunca morreria. Mas eu não poderia estar condenado á viver naquela situação para sempre. Privado de murmurar qualquer palavra para algo que me entendesse; e compreendesse. Acho que a partir daquele momento de reflexão, meu objetivo principal era procurar sobreviventes.

Os outros lençóis eu deixei guardados no armário. Eu tinha separado mais de 12 dos mesmos, e 7 cobertores. Melhor isolamento visual era impossível. Então, tratei de fazer isso o mais rápido possível.

Com os mesmos tipos de pregos, comecei a pregar os isoladores nas janelas. Lá fora, pude ver alguns descerebrados, caminhando sem rumo em busca de comida. Com o barulho das marteladas, eles olhavam em direção á minha casa. Cada olhada que os mesmos davam, eu me repreendia. Mas não, eles não podiam identificar o que era. Na verdade, acho que seus sentidos não ficavam aguçados e sim reduzidos, exceto o paladar. Ou talvez, até o paladar. Afinal, para se alimentar não é necessário sentir o gosto.

Os lençóis eram grandes, então decidi fazer uma espécie de observatório rápido. Pregaria apenas 1 prego na vertical do lençol para que pudesse afastá-lo um pouco e espiar ali fora, enquanto na horizontal, ficariam dispostos 4 pregos: 2 nas pontas, e 2 no meio.

Acabou que a minha invenção deu certo, e com uma camada de cobertor que cobria duas janelas se estivessem próximas uma da outra... A isolação visual ficou perfeita! Agora observar mesmo só em cima da casa. Trataria de montar algo que me servisse como auxilio ao telescópio, pois uma janela aberta o tempo inteiro, além do mais a janela do meu quarto; era um grande problema.

O processo mais uma vez foi repetido em quase todas as janelas da casa. Decidi, porém, preservar as janelas da cozinha abertas. Todo dia quando acordasse, preferia ver o sol mais uma vez, não uma escuridão total. Sentir o confortável mormaço que os raios davam na pele. E ali, tomar um café quente.

Agora que a casa estava devidamente protegida, trataria de arranjar algo que me servisse de observatório. Aconteceu que ao invés de privar o meu quarto da clareza provida da quente e ardente bola de gás e metal fundido, simplesmente encontrei uma posição na cortina que deixava o diafragma da lente do telescópio transpassar a mesma. E a visão, além de privilegiada, me dava quase 360° de vista do quarteirão e ainda um pouco de vista do centro. Estava perfeito para investigar qualquer ato suspeito ou barulho estranho.

Tudo bem, até agora. Eu achava que estava tudo perfeito. Até que descobri que a porta, embora com uma barricada, estava vulnerável aos ataques e baques. Lembrei que meu pai guardava uma cerca que se dobrava... Como? Era parecida com aquelas persianas de madeira. Estranhas, mas naquela ocasião me serviriam bem. Desci ao porão e fiquei procurando a mesma. No final, encontrei, porém ainda achei outros itens. Um deles inusitado? Duas caixas de munição para pistolas .45 ACP. Meu pai não tinha armas em casa, isso era óbvio. Então porque ele guardava uma caixa de projéteis? Estranho...

Antes de ir montar a cerca, porém, vi como a mesma funcionava. Era o mesmo funcionamento de uma persiana, como já havia dito. Apenas fincava-se uma das partes num gramado ou terra, arado ou qualquer solo “mole”, e dali se arrastava até o ponto desejado. Na outra extremidade, fincava-se da mesma maneira e depois se acionava outro botão e uma haste de ferro sairia da ponta de madeira fincada no chão formando um “Y” na terra, para maior resistência contra impactos. Para tirar o Y, deveria apertar outro botão. Este, porém, era um controle remoto de um botão apenas, pequeno, que tinha esse objetivo, para evitar que pessoas sem autorização tirassem a cerca do caminho, afinal, era uma cerca para se usar em fazendas. Achei tudo isso no manual que meu pai guardava junto com a mesma. Para mim, estava perfeita para a ocasião.

Rapidamente fui para fora da casa e dali finquei uma das extremidades. Perfeita. Um zumbi, no entanto, tinha me visto. Estava agora, vindo com seus músculos rijos, para cima de mim. Rapidamente peguei a outra extremidade da cerca e fui arrastando por todo o gramado. Correndo com ela em mãos, já que eu não tinha defesa alguma, tentei fazer o processo o mais rápido que podia. No final, finquei a outra extremidade e o zumbi já estava na calçada. Rapidamente apertei o botão e ouvi um “click” no chão. No “click”, o zumbi veio e me empurrou para trás, fazendo-me cair instantaneamente. A cerca, porém resistiu. Via com prazer os esforços daquele cão infernal de tentar atravessar minha barreira, sem sucesso. Sai dali e entrei para casa. Voltei com um pedaço bem pontudo de um dos pés da estante. Chegando perto do morto, empurrei a estaca sobre seu olho, fazendo-o cair na hora. Joguei a estaca fora e sai dali. Voltei para casa, sabendo que havia ainda muitas coisas para fazer.
Editado pela última vez por Stiglitz em 01/08/2013 16:55, em um total de 13 vezes.

Stiglitz
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Re: História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

Mensagem por Stiglitz »

nova parte e novo cap disponivel!
só para avisar, que ainda terá o episódio de quinta, mas nas 2 próximas semanas, não terá pois iniciará a semana de provas então terei que fazer uma pausa.
Mas depois ainda terá muitos e muitos capitulos!

LoucurasdoPortal
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Re: História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

Mensagem por LoucurasdoPortal »

Parabéns, a cada capítulo que passa está ficando melhor! Como dica, sugiro que os "malvados" persigam Nikolai com os carros.

379Felipe
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Re: História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

Mensagem por 379Felipe »

Muito bom cara õ/

Nikolai se deu bem, pegar uma Lamborghini Aventador, e olha lá que ainda é do chefe, lol (Isso que é brincar com fogo, lol)

Sunray

Re: História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

Mensagem por Sunray »

Espetacular este capítulo, gostei muito na hora que o Nikolai dirigiu o Aventador :D

Aguardando ao próximo capítulo!

Stiglitz
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Re: História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

Mensagem por Stiglitz »

novo capitulo disponivel, comentem ai!
e, como sabem, a proxima semana vai ser provas, e vão ser 2 semanas assim. então não prometo que até lá terão novos episódios, mas me esforçarei para tentar fazer.
e obrigado ao Kratos pela capa que ele fez!

Sunray

Re: História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

Mensagem por Sunray »

Ficou espetacular este capítulo cara, aguardando o próximo capitulo :D

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Re: História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

Mensagem por LoucurasdoPortal »

Ficou excelente esse último capítulo! Curti o final :D

379Felipe
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Re: História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

Mensagem por 379Felipe »

Muito bom esse capítulo cara. :)

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Re: História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

Mensagem por Kazi »

Capítulo muito bom, aguardando pelo próximo! :D

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Re: História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

Mensagem por LoucurasdoPortal »

E então? Parou de escrever?

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Re: História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

Mensagem por Stiglitz »

LoucurasdoPortal escreveu:E então? Parou de escrever?
VladTepesIII escreveu:nova parte e novo cap disponivel!
só para avisar, que ainda terá o episódio de quinta, mas nas 2 próximas semanas, não terá pois iniciará a semana de provas então terei que fazer uma pausa.
Mas depois ainda terá muitos e muitos capitulos!
E a semana não acabou ainda, e na próxima provavelmente não postarei também.
Terá simulado de todas as matérias e um seminário sobre a segunda guerra mundial.

E não, não parei.

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Re: História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

Mensagem por LoucurasdoPortal »

VladTepesIII escreveu:
LoucurasdoPortal escreveu:E então? Parou de escrever?
VladTepesIII escreveu:nova parte e novo cap disponivel!
só para avisar, que ainda terá o episódio de quinta, mas nas 2 próximas semanas, não terá pois iniciará a semana de provas então terei que fazer uma pausa.
Mas depois ainda terá muitos e muitos capitulos!
E a semana não acabou ainda, e na próxima provavelmente não postarei também.
Terá simulado de todas as matérias e um seminário sobre a segunda guerra mundial.

E não, não parei.
Ainda bem que você não parou :D


Até agora está excelente, de verdade!

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Re: História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

Mensagem por Stiglitz »

depois de um longo tempo, venho comentar que um novo capítulo já está disponível para vocês lerem!
afinal, depois de 2 semanas e meia, (tive um seminário que esqueci de avisar) já era tempo de eu voltar á reescrever!
Agora Los Desperados volta á todo vapor! novos capítulos nos dias de costume, segunda e quinta!

Sunray

Re: História de minha autoria - Los Desperados - Parte 5

Mensagem por Sunray »

Muito bom esse capítulo, aguardando com ansiedade o próximo! :)

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